segunda-feira, agosto 29, 2016

A internacionalização da Amazônia e a credulidade dos idiotas

A página fake de um livro inexistente conseguiu ser citada pela SBPC como verídica. 
Isso é ser cientista no Brasil?

"A imagem de um suposto livro didático norte-americano com a floresta amazônica sendo tratada como parte do território americano é provavelmente uma das maiores lendas urbanas da internet brasileira. Sua origem é de um site criado em 1999 por um grupo de militares nacionalistas da reserva. A narrativa é perfeita. Em uma época onde o “Fora FMI” e o “Fora Alca” eram as palavras de ordem da vez, a corrente repassada por e-mail era a prova definitiva das intenções imperialistas americanas. Estava ali, para quem quisesse ver. A corrente de e-mail repercutiu. Grandes jornais divulgaram como se fosse verdade. O Congresso brasileiro decidiu pedir explicações do embaixador americano, enquanto professores universitários em todo o país inflamavam seus alunos contra o imperialismo daqueles que se acham “donos do mundo”. Na prática, a imagem repleta de erros básicos de inglês é apenas mais um dos tantos mitos que baseiam boa parte do que acreditamos saber sobre os Estados Unidos. A ideia parece tentadora – encontrar um “bode expiatório” que alivie nossa barra, nos mostre que não temos tanta responsabilidade assim sobre nossos problemas e que, na realidade, somos vítimas de uma grande conspiração que nos impede de sermos uma nação próspera e livre. Nas universidades e em muitos outros cantos país afora, o anti-americanismo sobrevive e prospera com base neste princípio." 
Mais em: 7 mitos que você sempre acreditou sobre os Estados Unidos
http://spotniks.com/7-mitos-que-voce-sempre-acreditou-sobre-os-estados-unidos/
via @spotniks

Quanto à suposta página do livro didático americano, quando ouvi esse boato pela primeira vez, sempre vinha acompanhado de um sintomático "conheço alguém que viu" sendo que o relato nunca era feito na primeira pessoa. Daí, os terceiros contavam com credulidade a partir de pessoas de sua confiança. Ingenuidade? Sim, mas mais do que isto: medo. Agora, antes de irmos aos fatos basta um pequeno exercício lógico: como uma operação de tal monta, para subtrair uma imensa área e de valor inestimável seria (atentem) exposta publicamente e de forma tão não precavida em um livro didático?! A explicação conspiracionista: "para incutir no jovem americano a justificativa de porque tinham que aceitar e agir (caso convocados para alistamento) a lutar pela Amazônia e contra o Brasil". Pronto! A perfeita explicação, cujos fins justificam os meios estava produzida. Em segundo lugar bastaria ler a própria página que teve ampla circulação na internet (à época através de e-mails) para perceber, sem muita desenvoltura no idioma inglês que ela foi escrita por alguém do nível do personagem de João Santana com seu "embromation". Aqui vocês poderão ver com mais propriedade e aproveitar para dar umas boas risadas com esse libelo fake que angariou muitos crentes nacionalistas-protecionistas que uniram-se aos esquerdistas órfãos do velho comunismo leninista terceiro-mundista que, infelizmente, ainda infectam nossas universidades: http://www.quatrocantos.com/lendas/54_amazonia_finraf.htm. Agora, de tudo isto, o que mais me deixou abismado foi ver colegas meus (professores de geografia) repetirem esse amontoado de asneiras para seus alunos, assim como uma nota em encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ou seja lá o que se entenda por "ciência" no Brasil. E ainda tem energúmeno que diz não haver doutrinação esquerdista nas escolas brasileiras...

Só uma dúvida, página criada por militares da reserva? Eu li que foi feita por um estudante da Unicamp, o que me pareceu mais plausível. O que acham? Afinal, este tipo de coisa tem cara daquela universidade...
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http://inter-ceptor.blogspot.com/
Fas est et ab hoste doceri – Ovídio

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