sexta-feira, setembro 02, 2016

Informação e desinformação, Marx e o Brasil


Há que se identificar quem origina este tipo de ato e com quais orientações. Apenas reprimir seus peões não é suficiente (imagem: g1.globo.com).

Um amigo me perguntou sobre uma frase atribuída à Marx, ­se "as classes e raças inferiores deveriam perecer no holocausto da revolução"? Sinceramente, eu não encontrei nada a respeito, mas me lembrei sobre seus comentários sobre o domínio britânico na Índia, especificamente na região do Hindustão. Ao pesquisar mais sobre o assunto, também encontrei uma carta em que justifica a escravidão nas Américas, como parte intrínseca do desenvolvimento capitalista:

2.4 - Marx – Libertar os escravos irá varrer o EUA do mapa ! Em 28 de Dezembro de 1846 Marx estava em Bruxelas e escreveu uma carta para Pavel Vassilievitch Annenkov (1814-1887), um historiador e crítico literário russo, que havia lhe escrito pedindo opinião sobre o livro "Filosofia da miséria" que Proudhon tinha acabado de escrever. Esta carta nada mais é do que crítica e sarcasmo de Marx contra Proudhon, as expressões usadas por Marx nesta carta são de declarado ódio a Proudhon ... que nada de mal lhe havia feito, apenas tinha escrito um livro colocando suas opiniões filosóficas, não precisava tanto rancor contra uma pessoa de quem ele Marx, tinha recebido ensinamentos decisivos sobre a propriedade privada. Para obter o seu intento de usar de sarcasmo e denegrir Proudhon, Marx INVENTOU uma SUPOSTA "dialética de Proudhon", dialética esta que Proudhon JAMAIS USOU em seu texto. A carta toda, longa, é semeada de palavras agressivas contra Proudhon, não precisamos ver todo esse ódio, vejamos apenas parte do texto da carta para que cada leitor possa tirar suas conclusões. Eis o texto: * "Meu querido Sr Annenkov... Deixe agora lhe dar um exemplo da dialética de Proudhon. A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma necessidade de eu falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu me refiro à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte. A escravidão direta é o pivô em cima do qual a industrialização dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquinas em larga escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias enviaram poucos produtos para o velho mundo, e não ajudaram de forma visível a mudar a face do mundo. A escravidão é consequentemente uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal. Se tiramos a América do Norte do mapa teremos a anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna. Abolir a escravidão seria varrer a América do mapa do mundo. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo. Depois destas reflexões sobre escravidão, o que o bom Sr. Proudhon fará?Procurará a síntese da liberdade e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras, o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade." Não seria necessário dizer, que Proudhon, um humanista francês dos maiores, jamais disse nada parecido com isso... Tudo isso saiu da cabeça mentirosa e maledicente de Marx. Bom, além do fedorento sarcasmo raivoso contra Proudhon, o que temos neste trecho da carta? Temos mais um grotesco erro de avaliação de Marx! Quinze anos depois dessa carta de Marx, o EUA fez uma guerra civil (1861-1865), e libertou totalmente os escravos, e jamais aconteceu o que Marx supôs! O EUA sem escravidão não se transformou em um país patriarcal... e muito menos foi varrido do mundo como Marx estupidamente profetizou! Ao libertar os escravos pela primeira vez na história da humanidade o EUA se tornou um país livre e a maior nação do mundo. A maldade, o mau caráter, o revanchismo, o ódio das pessoas que ousassem fazer uma teoria filosófica e não apenas se submetessem a sua opinião despótica - é que levaram Marx a dizer esse absurdo que ele disse nesta carta. Acabamos de ver então, mais uma prova da raiva e do erro intrínseco no marxismo.
(Grifos meus. Fonte: http://inquestionavelmarx.blogspot.com.br/ . Em 2 set. 16.)

O que fica claro aqui é que para entender este raciocínio não se pode esquecer que Marx se pauta numa suposta contradição, na qual o mal deve ser executado para que o bem sobrevenha, o "quebrar os ovos para fazer a omelete". Para ele, a única forma da sociedade chegar a sua redenção seria acumular capital, para que assim as contradições entre a produção e o resultado desta se tornassem insustentáveis e, com isso, inaugurasse um novo modo de vida. Claro que isto não acontece, quanto maior a produção, maior o acesso aos seus resultados em termos absolutos, mesmo que os críticos do capitalismo digam que tal acesso não ocorra suficientemente e os desonestos digam simplesmente que não ocorre, os fatos históricos mostram, com veemência para quem quiser ver, que a introdução das relações capitalistas nas nações, de forma direta ou aos trancos e barrancos, as levou a um nível de acumulação capitalista, de divisão do trabalho e de desenvolvimento social e econômico que nenhuma outra modalidade socioeconômica, modo de produção, como diria um bom marxista, jamais obteve. Este é o ponto inegável sobre o qual, nenhum marxista consegue rebater, se tornando simplesmente, um simples negacionista, tal qual os que ainda afirmam que o homem não foi à Lua, justificando uma sombra da bandeira da americana como impossível ou, pelos cadáveres dos massacrados judeus não terem existido, o que “desmentiria” o holocausto nazista. Lembrem-se, é com este tipo de gente que debatemos. Se Marx ainda tinha em mente a necessidade de haver um desenvolvimento capitalista para que a revolução comunista viesse a ocorrer, seus sucessores, mais preguiçosos na leitura do próprio Marx e análise da realidade, simplesmente acham que tem que combater o Capital desde seu início.[1]

Claro que seus líderes e insufladores no mundo atual e Brasil em particular não são tontos e tem todo um sentido nisto: eles apontam em um alvo mais alto para que suas flechas flamejantes atinjam os joelhos da sociedade. Com suas barricadas e bombas caseiras, as igrejas pichadas e o patrimônio público quebrado, violado, esses revolucionários a base de leite quente e roupa lavada desejam que a ordem social esmoreça, se amedronte, se encolha e ceda, ceda e ceda em seus desejos por cargos, benefícios que não passam de eufemismos para privilégios, sejam eles, bolsas e mais bolsas, não esquecendo de enfatizar o ensino superior, público e mantido por nós, contribuintes. 

Não esqueçamos que a luta ideológica é de suma importância porque é justamente a partir dela, por ela e para ela que eles combatem. Exemplos? Como não protestar contra o ex-governo Rousseff pelos cortes na educação, mas somente contra o atual governo Temer, que acusam de ter reduzido o repasse de verbas para o setor? Porque atacá-la no passado seria um reconhecimento de que essa história e conjuntura não tinha “lados ideológicos”, mas uma única situação de descontrole gerado pela incompetência administrativa e competência criminosa. Admitir que Rousseff e antes dela, Lula, levaram a este estado de deterioração de suas bandeiras significaria escancará-las como mentiras.

E é exatamente isto que temos que mostrar, que eles não levantam bandeiras, mas hasteiam mentiras.




[1] Embora seja conhecido o reconhecimento tardio de Marx sobre “as vantagens do atraso”, em que considerava a possibilidade de se chegar à revolução comunista “pulando etapas”, isto é, sem o pleno desenvolvimento capitalista das forças produtivas, tal como viria ocorrer na Revolução Russa.

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