quinta-feira, abril 23, 2015

Resistência meia-boca


Sobre : O mercado são as pessoas | Estudantes Pela Liberdade: http://epl.org.br/2014/09/30/o-mercado-sao-as-pessoas/#.VTjg_NA7xNQ.twitter
A princípio eu simpatizo com a causa deles, mas os locadores malvadões que teriam entrado com uma ação(?) contra os ambulantes informais (ilegais, na verdade) pagam pelo aluguel, certo? E não se engane, há "pequenos ambulantes" que não são microempresários lutando pela sua subsistência como se sem aquilo padeceriam na sarjeta da amargura. Cansei de ver, quando eu trabalhava em um curso na Liberdade, em São Paulo um sujeito estacionar um BMW onde eu deixava o carro. Outro dia cheguei antes dele e quando ele parou o carro, tranquilamente tirou do porta-malas uma mesinha dobrável destas que oferecem os produtos nas ruas. Antes que algum libertário vomite porque eu estou criticando o sujeito "por ser rico" escute isto: não se trata de criticá-lo por ter um bom patrimônio, mas sim de criticar a situação na qual alguns que são obrigados a pagar tributos "pela subsistência" não têm correspondência em outros, CONCORRENTES, que não fazem nada disto, usam empregados que vendem produtos consignados sem lhes pagar os mesmos tributos que os locatários são obrigados. Então, que fique claro, meu protesto não é contra os pequenos ambulantes, mas sim contra a miopia dos estudantes que protestaram contra a reitoria de não fazer o manifesto amplo e, fundamentalmente, justo, i.e., contra o sistema que pesa sobre uma camada de empresários, legalistas, e alivia sobre o "pequeno", que muitas vezes só tem aparência de "pequeno".

Outro detalhe, aparentemente menos importante, mas cujas consequências não o são, a regulação do espaço urbano. Eu me criei em Porto Alegre e naquela cidade, um dos points era a "Rua da Praia" (R. dos Andradas) e, paulatinamente, após sucessivas administrações petistas (porto-alegrense tem que tomar na cabeça mesmo) foi invadida por ambulantes, mas invadida invadida ao ponto de nem se conseguir andar em um calçadão larguíssimo que era. E aí, como ficou o comércio dos "grandões" que dominavam a rua? Gradativamente começou a decair. Então, mais uma vez, o que tem que ser criticado é o sistema que expulsa quem legalmente tenta trabalhar, devido aos custos, devido à burocracia etc. Mas quando se permite que o comércio ocorra de qualquer jeito, em condições privilegiadas para alguns e outros não, eu sou favorável à regulação ostensiva ou a liberação total e de qualquer jeito para todos, TODOS. Mas defender uma categoria, de "pequenos" que nem sei se sempre são "pequenos"... Os quais, muitas vezes, têm várias bancas, uma verdadeira loja sem impostos e obrigações trabalhistas, exceto pela propina do fiscal. Então, o que se vê são nossos liberais, auto-intitulados 'libertários' que choram pela árvore derrubada, enquanto a floresta arde em chamas.

Anselmo Heidrich


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